Jacques De Molay, nasceu na Borgonha, no ano de 1248. Ingressou ainda adolescente na Ordem, onde foi forjado nos moldes da Cavalaria. Sucedeu como Grão-Mestre, Tibaldo Gaudin, em 1293. Comandou um exército de 15.000 homens.
Era um homem de ação. Participou de lutas na Palestina e organizou uma operação militar contra os muçulmanos do Egito. Em 1292 fez outra incursão militar contra o Oriente.
A Ordem voltou da Palestina, após a perda definitiva das possessões da cristandade no Oriente.
Os inúmeros erros táticos e políticos cometidos, levaram a uma derrota sangrenta.
Estes soldados, mistura de monges e guerreiros, foram responsabilizados pela derrota.
Filipe, o Belo, rei da França, um verdadeiro estadista, frio, de muita visão, logo percebeu o poderio que as duas Ordens, a dos Templários e a dos Hospitalários, teriam, se unidas. Representavam elas o maior exército da Cristandade. Este poderio, associadas à outra qualidade invejada por Filipe era a sua fortuna incalculável. Filipe propôs ao papa que as Ordens dos Templários e dos Hospitalários se unissem numa só. Insinuou que ele próprio poderia ser o Grão-Mestre da nova Ordem ou um outro Grão-Mestre, desde que indicado por ele.
De Molay, em resposta, disse: “Não”.
O ódio de Filipe pelos Templários não se manifestou de início.As atitudes foram discretas. Começou com a remoção do Tesouro Real do Templo. Continuou com uma campanha surda, insidiosa e venenosa contra os Templários.
Abertamente, perante todos, Filipe continuou a prestigiar a Ordem em geral e a De Molay em particular. Convidou-o a ser padrinho de sua filha Isabel.
Propôs ao Grão-Mestre a abertura de um inquérito, com a finalidade de “Restaurar a honra e o interesse da Ordem”. Ingenuamente, De Molay aceitou a idéia.
Em outubro de 1307, Filipe, o Belo, mandou prender todos os Templários da França sob acusação de heresia. De Molay foi detido por Nogaret, juntamente com 140 cavaleiros.
Jacques De Molay foi encarcerado na grande torre do palácio do Templo.
O detalhe da crueldade é que, foi De Molay quem mandou reformar a Torre do Templo, agora transformada em cárcere.
Durante os anos que ficou encarcerado, De Molay foi continuamente torturado. Para forçar a “confissão”, um peso de oitenta libras (61 kg) foi amarrado ao pé direito e De Molay era içado até o forro. Guilherme de Nogaret exigia sua confissão. Desta forma, De Molay, já idoso, teve seu corpo desconjuntado.
De Molay e os outros Templários passaram os anos no calabouço como “culpados”. Assim, tinham direito a uma indenização de 12 “deniers” por dia, o que, na realidade representava outra forma de tortura. Um pouco de alimento custava 40 “deniers”. O que constata que os Templários se alimentavam um dia em dois. A crueldade continuava, pois os ferros só seriam retirados quando ele ia ao interrogatório, se ele pagasse um “deniers” a seu carcereiro. A penúria continuava: a palha, que ele usava para dormir também era paga, de modo que De Molay dormia na pedra nua, sobre suas próprias imundícies.
A “confissão” só foi obtida após sete anos de torturas contínuas e sem descanso. O desespero havia tomado conta de sua alma. A falta de notícias, o desconhecimento do que havia acontecido a seus companheiros, a perda da noção do tempo o havia feito perder o sentido nas coisas. E De Molay finalmente confessou que os Templários davam-se à sodomia, que para entrar na Ordem devia-se escarrar na cruz, que adoravam um ídolo com a cabeça de um gato, que se entregavam à magia, à feitiçaria e ao culto do diabo e, finalmente, que desviavam os fundos que eram depositados no Templo. Foi uma “confissão” obtida após sete anos das mais terríveis torturas, aplicadas a um ancião que nunca mais tinha visto ninguém, a não ser os carcereiros e os inquisidores.
Após a “confissão”, De Molay foi levado a julgamento. Três outros dignitários da Ordem foram levados em conjunto: o visitador-geral, o Preceptor de Normandia e o Comendador da Aquitânia. O Preceptor de Normandia, Godofredo de Charnay, foi o primeiro a reconhecer e abraçar o Grão-Mestre.
Os quatro acusados foram conduzidos acorrentados numa carroça aberta. Ouviram gritos de acusações: “A morte!”, “Ladrões!”, “Idólatras!”. Outros comentava: “Já não estão tão orgulhosos”. Entretanto, grande parte da população assistia em silêncio.
No julgamento, os quatro acusados, ouviram as falsas acusações. Reanimado pelo reencontro com seus companheiros, De Molay repete após cada acusação: “mentira... mentira... mentira...”
”Protesto! Protesto contra uma sentença iníqua e afirmo que todos os crimes que nos acusam são inventados!”
Filipe, informado da situação que se afigurava grave, convocou o Conselho Real. Este, em Seção marcada pelos desencontros de opiniões, não chegou a nenhuma conclusão. De Molay havia lutado pelos direitos de Carlos de Valois no Oriente Próximo, e este era um dos pares do reino, que o defendeu ardorosamente. O rei, em vista da indecisão dos conselheiros, avocou para si a decisão e sentencia: “Jacques De Molay e Godofredo de Charnay serão queimados esta noite na Ilha de Judeus”.
Sentença afirmada, sentença cumprida. Mas o inesperado ocorreu: De Molay brada e todos ouviram:
”Vergonha! Vergonha! Vós estais vendo morrer inocentes!”
Já envolto pelas chamas, o Grão-Mestre sentenciou sua maldição:
”Papa Clemente... Cavaleiro Guilherme de Nogaret... Rei Filipe: antes de um ano eu vos intimo a comparecer diante do tribunal de Deus, para ali receberdes o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de vossas raças!”.
Um fato impressionante foi que todas as maldições de De Molay se cumpriram. Todos morreram em menos de um ano. Primeiro o Papa Clemente, depois Filipe, o Belo, e finalmente Nogaret. A dinastia de Filipe, o Belo, que há quase 3 séculos dirigia a França, perdeu o prestígio. Os sucessores do rei foram todos fracos, conduziram a França ma guerra com a Inglaterra que durou cem anos, e finalmente extinguiram a dinastia dos Capetos, passando o poder à dinastia dos Valois.